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Grandes líderes, grandes marcas: o que podemos aprender com o Dalai-Lama?

  • Foto do escritor: Juliana Farias - Consultora de Personal Branding
    Juliana Farias - Consultora de Personal Branding
  • 9 de dez. de 2019
  • 7 min de leitura

Atualizado: 22 de set. de 2020


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O tema liderança sempre me chamou atenção pelas experiências que vivi até agora e resolvi então me aprofundar no assunto. Por isso, iniciei um estudo sobre líderes, que construíram grandes marcas pessoais e que inspiram ou inspiraram tantas pessoas ao longo de suas vidas e carreiras.

Nesse primeiro post, compartilho o que aprendi com o livro “A Arte da Felicidade” de Howard Cutler e do Dalai-Lama, que por onde passa arrasta muitos seguidores, com a sua energia positiva e simplicidade.

O conteúdo do livro é baseado em cinco passos para termos uma vida feliz e com significado, que apresentarei de forma resumida a seguir. Dentre esses passos também podem ser encontrados alguns “antídotos” contra problemas muito comuns nos dias de hoje, tais como a raiva, a ansiedade, a baixa autoconfiança e o medo do fracasso. Por fim, ressalto as competências que fazem de Dalai-Lama um grande líder, que inspira o respeito de tantas pessoas, independentemente de suas crenças religiosas.


1. O propósito da vida

Para se definir um propósito, antes de tudo, é necessário refletir sobre o que realmente tem valor e significado em nossa vida e fixar prioridades. O Dalai-Lama ensina que, para que a vida tenha valor, devemos desenvolver qualidades humanas essenciais: carinho, bondade e compaixão. Com isso, nossa vida ganha significado e se torna mais tranquila e feliz.

De acordo com o Dalai-Lama, o maior propósito da vida é a felicidade e ela pode ser alcançada através do treinamento da mente. Para ele, precisamos identificar fatores que levam à felicidade e aqueles que levam ao sofrimento. Depois, devemos eliminar o que leva ao sofrimento, de forma gradativa, e cultivar pensamentos e sentimentos que conduzem à felicidade. Uma mente sem disciplina, leva ao sofrimento, mas quando disciplinada para ter pensamentos positivos, nos leva à felicidade.

2. O Calor humano e a compaixão

O modelo de relacionamento que nos ensina o Dalai-Lama baseia-se numa pré-disposição de nos abrirmos para os outros, sejam eles parentes, amigos e desconhecidos, formando laços profundos e autênticos, já que somos todos humanos.

O desenvolvimento da compaixão requer que tenhamos empatia: sendo esta considerada a capacidade de avaliar o sofrimento do outro. A compaixão, para ele, é um estado mental, não violento, não prejudicial, não agressivo: “é uma atitude mental baseada no desejo de que uns se livrem do seu sofrimento e, está associada a uma sensação de compromisso, responsabilidade e respeito com o outro”.

Notadamente, nos dias de hoje, estamos cada vez mais indiferentes ao sofrimento do outro. Muitas vezes, temos mais piedade de um animal do que de um ser humano em situação de necessidade. A indiferença com o sentimento alheio é tamanha que, gestores são capazes de adoecer uma equipe inteira com a sua forma de liderar e conduzir atividades. Liderar não é impor.


Liderar é despertar nos outros a vontade de fazer. Na opinião de Dalai-Lama, a falta de compaixão gera desumanidade, consequentemente, sofrimento, infelicidade e insatisfação. Essas pessoas são atormentadas por sentimentos de insegurança e medo, além de nunca sentirem uma sensação de liberdade.

3. A transformação do sofrimento

A importância do autoconhecimento para uma marca pessoal forte está muito clara na literatura a respeito do tema personal branding e para esse grande líder não poderia ser diferente. Para vencer o sofrimento, Dalai-Lama nos mostra a necessidade do autoconhecimento, ou seja, entendermos o que somos e as causas dos nossos problemas.


Na maioria das vezes nossos problemas são gerados por nós mesmos e é preciso entender que o sofrimento faz parte da vida, pois é ele que nos faz crescer e evoluir moral e espiritualmente. Por isso, temos que ser gratos pelas oportunidades de aprendizado que a vida nos proporciona.

Na visão de Dalai-Lama, uma das principais causas do nosso sofrimento é a resistência à mudança. A vida está em constante transformação, monótona seria uma vida inteira estável e sem nenhum tipo de mudança.


O que precisamos aceitar é que mudar faz parte e, se compreendermos isso, viveremos mais felizes. “Embora às vezes o sofrimento possa servir para nos fortalecer, para nos tornar fortes, em outras ocasiões seu valor pode estar no funcionamento oposto - no sentido de nos abrandar, de nos tornar mais sensíveis e benévolos”.

4. A superação de obstáculos

Segundo Dalai-Lama, a superação de um obstáculo acontece em quatro etapas:

  • Etapa 1: aprendizado e educação – precisamos obter informações a respeito da gravidade do problema ou dos efeitos destrutivos de um comportamento negativo;

  • Etapa 2: conscientização – é necessário ampliar a conscientização até desenvolver a convicção da necessidade de mudar, o que ajuda a aumentar a noção de compromisso com a mudança;

  • Etapa 3: determinação de mudar e entusiasmo – é preciso realizar um esforço de estabelecer novos padrões de comportamento;

  • Etapa 4: ação – é fundamental que seja realizado um esforço sistemático para implementar mudanças efetivas, gerando a transformação interior.

Para o mestre, pensar a respeito do problema de forma constante pode nos ajudar a estabelecer novos modelos de comportamentos, até que ação de superação vire um hábito. “Através do esforço constante, creio que podemos dominar qualquer forma de condicionamento negativo e promover mudanças positivas na nossa vida. Mas é preciso nos conscientizar de que a mudança genuína não acontece da noite para o dia”.



Antídotos contra sentimentos negativos

O livro também aborda algumas dicas, os chamados “antídotos”, que podem nos ajudar muito no controle dos sentimentos negativos e na superação dos obstáculos.

Como controlar a raiva e ser mais tolerante?

Se a raiva for branda, devemos enfrentá-la e combatê-la. Se a raiva for muito forte, naquele momento talvez seja difícil desafiá-la ou enfrentá-la, portanto, é melhor deixá-la de lado e pensar em outras coisas. Somente depois, mais calmos, devemos raciocinar e analisar a situação de frente.

Como vencer o medo do fracasso?

Sobre o fracasso ele diz: “creio que ter a honestidade a respeito dos seus conhecimentos e observar a motivação adequada para a situação em que se encontra é o segredo para superar esse tipo de medo e ansiedade”.


Com a motivação sincera, mesmo que cometamos um erro, não há motivo para remorso. Quando damos o nosso melhor e ainda assim fracassamos, é porque a situação estava fora do nosso alcance. Assim, a motivação sincera elimina o medo e nos proporciona segurança.

Como enfrentar a ansiedade?

Para vencer a ansiedade é recomendado que façamos duas análises:

1. Se o problema tiver uma solução, não há necessidade de preocupação. Se ele não tiver solução, também não faz sentido nos preocuparmos.


2. Quanto mais nos aproximamos de ser motivados pelo altruísmo, mais destemidos nos tornaremos, mesmo diante de circunstâncias extremamente propensas a gerar ansiedade.

Como vencer a baixa autoconfiança?

Para vencer esse obstáculo, ele recomenda que seja feita uma autoavaliação destemida e honesta, que se tornará uma arma poderosa contra a indecisão e a baixa autoconfiança.


Quanto maior o autoconhecimento, maior a visão realista e precisa de si mesmo, gerando uma tendência da pessoa gostar mais de si mesma e se sentir mais confiante.

5. A importância de se trabalhar a espiritualidade

Independente de sua filosofia ou crença, Dalai-Lama nos instrui sobre a importância de se ter uma religião como conforto para situações de adversidade e sofrimento. Entretanto, ele também nos orienta sobre a espiritualidade que, em sua concepção é uma atitude mental. A espiritualidade nos permite superar a dor e o sofrimento e deve nos guiar no cultivo de valores básicos, como a bondade, a benevolência, a compaixão e o interesse pelo outro, independentemente de se ter uma crença religiosa ou não. Ela é o último ingrediente para uma vida mais feliz.

Quais são as principais competências de liderança do Dalai Lama?

Achei interessante observar o modus operandi de Dalai-Lama porque, ao contrário do que muita gente pensa, um líder pode ser uma pessoa que adota uma filosofia de vida simples, uma postura e uma comunicação não violenta, ao mesmo tempo em que trabalha de forma disciplinada sua mente em prol de sua felicidade e do bem estar dos outros.

Considerando concepção de que somos todos iguais, em termos de estrutura física e capacidade intelectual, o mestre entende que “se conseguirmos deixar de lado as diferenças, podemos nos comunicar, trocar ideias e compartilhar experiências com facilidade”.


Partimos do princípio que não somos melhores nem piores do que ninguém, pois geralmente quando alteramos o nosso tom de voz é para mostrar ao receptor que temos certo “poder” sobre ele.


Desde sempre é assim: o homem para ganhar uma discussão se altera e mostra instintivamente a sua supremacia sobre o outro e, no entanto, é exatamente isso que cria barreiras entre as pessoas e nos impede de nos conectarmos uns com os outros.

Para o psiquiatra e coautor do livro Howard Culter, as pessoas infelizes são mais centradas em si mesmas e que em termos sociais são mais retraídas e hostis.


Já as felizes são mais sociáveis, flexíveis, criativas e capazes de suportar as frustrações diárias com maior facilidade, pois são mais amorosas e dispostas a perdoar os outros.

Ainda conforme Howard, Dalai Lama apresenta uma inteligência perspicaz, sem artifícios, sem querer parecer ser um personagem, assumindo quando não tem conhecimento sobre um determinado assunto.


Outra característica que pode ser percebida é a bondade, mas sem sentimentalismo em excesso e também o senso de humor, com um sorriso muitas vezes espontâneo.


Seu mindset é sempre voltado para servir o próximo: “a melhor utilização do tempo é servir aos outros, mas se não for possível, o ideal é não prejudicar ninguém”. Tudo isso gera uma capacidade incrível de inspirar as pessoas ao invés de intimidá-las.

De acordo com o grande líder Dalai-Lama, seguindo os cinco passos acima descritos, será possível desenvolver uma disciplina interior para combater os estados mentais negativos, tais como a raiva, o ódio e a ganância, bem como, cultivar estados mentais positivos, tais como a benevolência, a compaixão e a tolerância.

Seguindo os ensinamentos deste grande mentor, poderemos desenvolver tanto competências de liderança como softskills essenciais para construir uma marca pessoal forte, mais empática, agregando valor na vida das pessoas.

Referência:

BSTAN-'DZIN-RGYA-MTSHO (DALAI LAMA 14.); CUTLER, Howard C. A arte da felicidade: um manual para a vida. Fontes, Martins, 2000.

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